sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Músicos que definiram o estilo dos anos 90: uma retrospectiva

Courtney Love


Talvez ninguém tenha personificado tão bem a reviravolta no estilo/beleza dos anos 90 quanto Courtney Love. Ela pegou a dica da cena Riot Grrrl e misturou vestidos babydoll a olhos borrados e meias rasgadas para criar o cínico look "kinderwhore", que se tornou uma obsessão instantânea para todas as garotas que se sentiam fora do padrão no meio dos anos 90. Considere o estilo uma versão levemente mais política que o grunge; a apatia se transformou em angústia, e brevemente se tornou a pose favorita do mundo fashion. Foi uma força da natureza.

Beastie Boys


Dada a triste perda de MCA este ano, o momento parece certo para reexaminar o modo pelo qual o Beastie Boys redefiniu as regras do estrelato no rock e no rap. Isso inclui a evolução de como eles se vestiam: começou na década de 80, com uma junção entre hip-hop e proto-grunge (apropriada, se levarmos em consideração a selvagem mistura de gêneros musicais que eles estavam preparando). Então, nuances surgiram: a predileção de MCA pelo todo-poderoso boné de caminhoneiro se tornou parte do estilo dele. Ad-Rock se tornou o esportivo e Mike-D usou fortes elementos do DNA do Run-DMC, com chapéu, correntes douradas e tudo o mais. A falta de experiência do grupo foi equilibrada pela vontade dos integrantes de jogar tudo fora para criar algo verdadeiramente diferente, como em 1998 com o excelente vídeo de “Intergalactic”, em que estrelaram como invasores do espaço.

Gwen Stefani 


Muita atenção foi dada ao rocksteady glam de Gwen Stefani, mas para as fãs hardcore nada vai bater o glamour cru do estilo ska-punk original da cantora, exibido por exemplo no vídeo de “Just a Girl”, de 1995. Com seus tops, calças xadrez e sapatos Doc Martens, ela criou um novo uniforme pop-punk e injetou um lado divertido na nação alternativa, muitas vezes rígida e cheia de testosterona demais.

Lenny Kravitz 


Na glória da era de “Are You Gonna Go My Way?”, Lenny Kravitz era como um Jimi Hendrix para a Geração X – repleto de piercings, com dreadlocks e uma série de acessórios de pele e couro. Ele refletia perfeitamente a obsessão da década de 90 pelos anos 70. Embora posteriormente tenha amadurecido sua música, raspado o cabelo e mudado o look para algo que tivesse menos chance de confundir o público adulto, é difícil negar que em sua melhor época Kravitz parecia ser uma estrela de rock de outra década.

Shirley Manson 


Shirley Manson, do Garbage, personificou o lado visual dos anos 90 do qual as mulheres mais sentem falta hoje. Só o nome dela já traz boas memórias de botas enormes, meia arrastão, saias curtas e batom vermelho, que não eram só o que ela vestia em meados de 1990, mas também o que outras milhares de garotas queriam vestir. Enquanto o estilo de Courtney Love tinha uma energia destrutiva, e Gwen Stefani tinha aquele quê californiano, o estilo de Shirley Manson encontrou um meio termo, trazendo qualidades dark inteligentes e sensuais unidas em um pacote poderoso.
Shirley também foi avant-garde e, em 1998, com o álbum épico futurista Version 2.0, vestiu roupas techno-punk desenhadas por nomes como Martin Margiela, Boudicca e McQueen. Ela também foi indiscutivelmente a primeira artista a fazer propaganda no tapete vermelho do Grammy, em 1999, quando apareceu com um vestido simples que tinha um globo laranja com a palavra “Garbage” nele, se referindo ao álbum Version 2.0, nomeado a álbum do ano.

Jennifer Lopez 


Antes de Jennifer Lopez se tornar uma superestrela que precisava nos lembrar que ela ainda era a “Jenny lá do bairro” (na música “Jenny From the Block”), era exatamente isso que ela era. Com camisetas brancas simples, cachos castanhos, minissaias e ocasionalmente grandes brincos de argola e colares, o look dela era uma amostra perfeita do estilo urbano e da cultura dance nos anos 90. Como J-Lo, Jennifer seguiu em frente mudando diversas vezes o modo de se vestir, criando inclusive alvoroço com um infame vestido no Grammy de 1999, e conseguindo sua segunda capa na Vogue recentemente. Ainda assim, temos um lugar na memória para as raízes mais humildes da artista.

Madonna 


Madonna tem sido um ícone de estilo por quase quatro décadas, mas os anos 90 marcaram um período interessante de transformação para a lenda do pop. Ela começou a década com o notório sutiã em forma de cone criado por Jean Paul Gaultier e a terminou em um heróico quimono vermelho também feito por ele. Há aí uma grande diferença, mas o estilo da cantora harmonizou com a evolução musical dela e as letras que cantava. Enquanto a turnê Blonde Ambitioncelebrava a exploração e a liberação sexual, Madonna começou a se preocupar com outros assuntos no meio da década. Em “Bedtime Story”, de 1995, tomou outra direção, colocando lado a lado a produção ambient pop com a direção surrealista do vídeo do diretor Mark Romanek, que ainda é um dos melhores da carreira dela. Ela apareceu como uma imperatriz de outra dimensão no vídeo, que carregava muitas conotações espirituais. No final da década, ela havia se tornado adepta da Kabbalah e uma mulher de 40 anos que ainda sabia colocar fogo em uma pista de dança.

Björk 


Björk é provavelmente a artista com mais imaginação para se vestir, um título que ela sustenta por cerca de 20 anos. Ela também nunca se repete – algo que até Madonna e Gwen Stefani não podem falar. Em seu clipe “Big Time Sensuality”, de 1993, a cantora emerge como uma ninfa nórdica em uma sombria paisagem, zanzando dentro de uma saia e um top vanguardistas, com o cabelo penteado em pequenos redemoinhos na cabeça, o que viria a ser sua marca registrada (e copiado futuramente tanto por Madonna quanto por Gwen).

As coisas se tornaram ainda mais estranhas e fantásticas a partir daí. Ela aparece como um samurai em Homogenic (1997), cuja capa foi adequadamente desenhada por Alexander McQueen. Neste álbum, a cantora era uma guerreira, como ela mesma afirmou: “Uma guerreira que teve que lutar não com armas, mas com o amor. Eu tinha dez quilos de cabelo em minha cabeça, lentes de contato especiais, uma manicure me preveniu de roer as unhas, tinha fita adesiva em torno de minha cintura e um salto alto que não me deixava andar facilmente”. Ela só se tornou conhecida de um número maior de pessoas alguns anos mais tarde, quando apareceu vestida de cisne em uma cerimônia do Oscar, um incidente que ganhou uma página própria no Wikipedia.

Marilyn Manson 


Para Marilyn Manson, roupas nunca foram só roupas: elas eram armas. Aparecendo primeiro com a banda Spooky Kid no começo dos anos 90, na Flórida, a imagem de Manson ascendeu também a de todos os seus companheiros. Em 1995, com “The Beautiful People”, ele usou próteses e artefatos para fantasmagoricamente distorcer sua figura, recursos que ele continuou a utilizar mais adiante em sua carreira. Mas a aparição mais criativa foi sem dúvida em “Dope Show”, de 1998, no qual ele aparece como uma ressurreição deformada do Ziggy Stardust, de David Bowie. No VMA daquele ano, ele se apresentou com penas, cabelo vermelho, seios postiços e roupa parecida com a de Prince, deixando ao mesmo tempo a plateia fascinada e com medo.


TLC 


Antes das cantoras Aaliyah e Monica ajudarem a formatar o significado de ser urbano e moderno, o TLC já havia criado este manual. Chilli, T-Boz e Left-Eye pegaram algumas influências de Salt-n-Pepa e En Vogue, mas fizeram sua versão do estilo ao mesmo tempo mais chamativa e visionária. No clipe clássico de “Waterfalls”, elas aparecem vestidas com a típica roupa urbana dos anos 90 enquanto andam sobre a água. A apresentação era impecável, e o que aparentava ser comum virava extraordinário nas mãos delas.

Em 1999, Hype Williams dirigiu o clipe de “No Scrubs”, no qual o grupo passa por uma reformulação visual, aparecendo com uma imagem tecnológica, como de uma animação japonesa. Curiosamente, TLC é agora centro de um diálogo recente e nostálgico de uma nova geração: jovens novos demais para ter vivenciado o tempo em que o grupo era grande, mas que gostariam de se lembrar. Munidos com Tumblrs, roupas “futurísticas-vintage” e muita coisa para falar, eles estão mantendo a chama do grupo hoje em dia, e esperando que as canções possam apoiá-los.

Tupac Shakur 


Atualmente, diversos rappers copiam o estilo relaxado e agressivo de Tupac, embora ele nunca tenha pretendido ser um ícone fashion. O item mais famoso que ele usava era a bandana de marca, sempre amarrada ao redor de sua cabeça. Às vezes vermelha, às vezes azul, era normalmente acompanhada de calça baixa, blusa larga e corrente de ouro. Para Tupac, era só isso que havia no armário, mas para uma legião de fãs que o amavam, o que ele vestia se transformava em uma forma de evocar o tempo e o humor assim como as rimas que ele compunha.

Spice Girls 


Os anos cobraram um custo do Spice World, o saltitante estilo pop dos anos 90 no qual plataformas altas, minissaias vibrantes e qualquer coisa de estampa selvagem constituía o guarda-roupa. Gostos duvidosos à parte, as Spice Girls fizeram do pop um lugar bom de se estar entre 1995 e 1998 – e para muitas garotas a ideia de cinco jovens indo ao espaço em uma nave espacial enquanto cantavam sobre o poder das mulheres e “zig-a-zig-ah” era maravilhosa, sem dúvida. Olhando para trás, nenhuma das integrantes era perfeitamente estilosa ou bem vestida, mas isto é o que fez delas muito mais amadas do que outras engenharias do pop que só repetiam o que era mandado. Elas eram garotas reais que viviam, respiravam e vendiam fantasia, e nos diziam para comandarmos nossa própria vida.

Kurt Cobain 


Kurt Cobain certamente não teria gostado de ser considerado um ícone da moda. Mas ainda assim, o impacto dele no modo como as pessoas percebiam o estilo dos anos 90 é absolutamente crucial. Ele representou o “faça você mesmo”, totalmente antimoda. Era um homem bonito que não queria que seu charme loiro comprometesse o peso dele como artista e pensador, por isso seu ar grunge pode ser entendido como um “foda-se” para a vaidade – dele e dos outros. Não que isso tenha funcionado como o planejado: blusas de flanela, jeans e cabelos despenteados foram saudados como símbolo de valores de uma raivosa comunidade musical e, além disso, criaram um novo visual para toda uma geração de jovens insatisfeitos. Tal como o violento look kinderwhore de Courtney Love, a aparência apática de Cobain acidentalmente tornou-se um novo padrão estético e é uma das primeiras imagens que vêm à mente quando se discute os anos 90.


D’arcy Wretzky 


Em 1995, para certa parte da população feminina, não havia ícone estético mais cool do que D’arcy Wretsky, baixista do Smashing Pumpkins. Claro, Billy Corgan tinha a cabeça raspada, usava calças prateadas e rosnava. Mas D’arcy tinha cabelo azul, olhos de guaxinim e usava roupas góticas espaciais, como no vídeo de “Bullet With Buterfly Wings”. Com seu corpo magro, cabelos cortados de modos não convencionais e lábios escuros, ela parecia uma versão atualizada de uma estrela sombria do cinema silencioso, uma figura apocalíptica. Não era uma imagem para brilhar, para jovens saudáveis imitarem, mas as expressões mais interessantes não são. Quando ela acrescentou uma tiara com chifres de diabo ao figurino, o feitiço estava completo. D’arcy e Shirley Manson foram as outsiders mais glamorosas do jogo.

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